É praticamente consenso que a FAB terá que tomar uma decisão em relação ao vínculo com o técnico Josep Clarós, por maus resultados. Esta quinta-feira, em plena Arena de Kigali, a selecção mais titulada do continente africano voltou a provar o sabor amargo da derrota, desta vez diante da formação da casa, o Ruanda, de longe melhor organizada e melhor preparada para as exigências de um Afrobasket.
Após a derrota na estreia frente a Cabo Verde, uma equipa que apesar dos valores individuais de altíssima qualidade, não tem os mesmos pergaminhos que a equipa angolana, o combinado nacional tinha a obrigação de vencer, para não hipotecar de forma prematura o projecto de reaver o título africano.
Ao elenco de Moniz Silva resta pouca (ou até nenhuma) margem de manobra para justificar a manutenção do técnico espanhol, que desde o início da preparação da equipa assumiu de forma intransigente (alguns diriam autoritária) a condução do projecto técnico e por uma questão de verticalidade terá que assumir, também desta vez, o fracasso do projecto.
Com duas derrotas diante Cabo Verde (71-77) e (68-71), Angola chega à última jornada da fase de grupos com um sofrível pecúlio de -9, fruto de 148 pontos sofridos e 139 sofridos, e uma imagem desfocada de um basquetebol que já foi referência para África e arredores e respeitado no mundo inteiro.
Esta equipa, pelo menos a que vimos jogar desde o estágio em Matozinhos, Portugal, é o resultado de um conjunto de equívocos que trazem à memória o Afrobasket de Antananarivo (2011), em que, por muito menos, Gustavo da Conceição, então número um da FAB, foi a tempo de corrigir o erro ao demitir o técnico francês Michel Gomez em pleno decorrer da competição.
As dificuldades de acesso às imagens dos jogos da equipa nacional (a falta de transmissão televisiva é outro pormenor que manha esta participação de Angola na maior festa do basquetebol africano), criam o ambiente propício para especulações e juízos de valor sobre como está a selecção de todos nós.
Se aos decisores federativos faltarem ideias de como proceder, basta uma ligaçãozita ao presidente Gustavo, que além de jogador é detentor de um vasto e valioso capital para darmos com um facto que marcou na história do basquetebol angolano.
Depois de demitir o francês Michel Gomez comando técnico da selecção, por maus resultados (havia perdido um jogo com o Senegal, na fase de grupos), chegou-se à frente um jovem técnico angolano, Jaime Covilhã de seu nome, que pôs a equipa a jogar basquetebol outra vez, levando Angola até à final em que perdeu com uma Nigéria.
Em Kigali, Angola passou da condição de cabeça de cartaz e séria candidata ao título africano, a aspirante à passagem para a outra fase (de lápis, papel e calculadora na mão…). Para tal terá que reinventar-se para vencer no sábado (/28/08) a RDC, e por números muito expressivos.
Mas os congoleses, estes, já mostraram que não foram para Kigali dançar ndomboló ou kwassa-kwassa. Na véspera, derrotaram de forma competente a selecção de Cabo Verde, por sinal ainda um pouco vislumbrada com a surpreendente e histórica vitória na estreia diante de Angola.